quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Com gostinho de quero mais


Quando a gente começa a gostar, acaba. Esta é a sensação ao ver as esquetes apresentadas no projeto Teatro Visual: O que ainda não tínhamos visto?, em cartaz na Funarte em Brasília.
O Núcleo de Pesquisa Resta Pouco a Dizer, criado pelos diretores Adriano e Fernando Guimarães, apresenta um ciclo de atividades artísticas e de formação que buscar investigar a vertente Teatro Visual como uma das precursoras do teatro contemporâneo. Após cada espetáculo, uma palestra. Em “Ir e Vir”, que esteve em cartaz no domingo, 30, as três atrizes carregam em seus corpos todo o peso dos segredos das personagens. Camila Evangelista, Michelly Scanzi, Tati Ramos e Valéria Rocha caminham milimetricamente para sentar no banco, onde se passa a cena. O corpo é todo expressão, apesar de o rosto não ser visível – por conta do chapéu e da iluminação. Cada uma a seu jeito vai dando pista do enredo. As atrizes fazem uma espécie de coreografia, num "ir e vir". Sempre que uma sai, as duas que ficam trocam um segredo, que parece ser sobre a ausente. Ao desenrolar, vamos percebendo que são corpos e situações que vêm e vão.
Mas o texto é curto. E, quando a gente acha que está descobrindo o segredo, a peça acaba. Iluminação, cenário e figurino dão o tom da tensão, presente nos corpos das atrizes. O único porém é que o projeto propõe discussões após os espetáculos que não têm relação direta com a obra do dia, no sentido de usá-la como exemplo na discussão.
Neste primeiro final de semana, Antônio Araújo, fundador e diretor artístico do grupo de pesquisa Teatro da Vertigem, e docente da ECA-USP; Lílian Amaral, pesquisadora audiovisual, autora e professora da mesma Universidade; e Marília Panitz, crítica e curadora de artes visuais e docente do Departamento de Artes Visuais da UnB, discutiram as transformações sofridas pela linguagem teatral ao longo do século XX. Então, fica um vazio, e um gostinho de quero mais.